Uma das decisões mais difíceis no manejo de um campo de golfe é a de quando, como e com que intensidade irrigá-lo. Outro ponto importante é que a natureza influencia diretamente a prática da irrigação fornecendo água excessivamente ou deficitariamente.
Um campo de golfe deve ser projetado para agüentar esses estresses causados pela falta de água – fazendo uso da irrigação; ou pelo excesso de água – através da drenagem superficial e sub-superficial.
Abaixo temos uma lista dos fatores que afetam diretamente o manejo da irrigação:
• Fontes de água
• Componentes e sistemas de irrigação
• Fatores que influenciam a aplicação da água
• Sinais de déficit hídrico .
Uma pesquisa foi realizada pela GCSAA – Golf Course Superintendents Association of America, com superintendentes de golfe para saber quais foram os maiores avanços na área de manejo nos últimos 5 anos – abaixo, alguns dos resultados:
• A resposta número 1 (44%) – sistemas de irrigação computadorizados
• 52% acreditam que o consumo de água diminuirá significantemente nos próximos 5 devido à essa tecnologia
• Os dois fatores apontados como mais importantes em um campo de golfe foram – irrigação e drenagem.
Figura 1 – Sprinkler head.
Estes sistemas de irrigação tem uma longevidade de cerca de 20 anos, campos de alto padrão trocam seus sistemas a cada 10-12 anos e a demanda por novas tecnologias se renovam a cada 7-8 anos.
Por que trocar o sistema de irrigação? Os custos para manter o sistema atual, a eficiência de operação, a melhoria da ” jogabilidade” e as pressões competitivas são fatores mais que suficientes para tal.
“Não se troca o sistema de irrigação por um mais moderno para se molhar mais o campo, mas para deixá-lo mais seco”.
Esta frase é uma tendência ao redor do mundo do golfe – campos secos possuem melhor jogabilidade, menos doenças, menos danos por máquinas e melhores propriedades do solo, conseqüentemente, do gramado.
Há 30 anos atrás, os sistemas de irrigação tinham cerca de 500 sprinkler heads. Atualmente, os campos tem media de 1200 e os campos mais luxuosos com os melhores sistemas chegam a ter 3000 sprinkler heads. Isso se embasa no seguinte: quanto mais sprinklers, maior precisão na aplicação, mais economia de água, mais seco o campo permanece.
Por esses e outros motivos que atualmente, dos 150 acres (60ha) de um campo padrão, os 6 acres (2,5ha) com altíssima intensidade de cultivo (greens e tees), são os que mais utilizam água e ainda assim, gastam sete vezes menos água que a área equivalente em uma plantação de milho, por exemplo.
Figura 2– Irrigação localizada.
Tipos de sistema de irrigação
1. Automático – as cabeças de irrigação são acionadas por válvulas controladas eletronicamente por um satélite computadorizado ou uma caixa de controle no campo.
2. Semi-automático – requerem ação manual para ativar as válvulas que disparam as cabeças de irrigação. Em alguns casos, este termo se refere a greens e tees sendo automáticos e fairways ativados manualmente.
3. Manual – também chamado de quick couplin system, consistindo em uma válvula de acoplamento rápido, uma chave e uma cabeça de irrigação giratória.
Figura 3– Sistema manual acoplado a uma mangueira.
Diversas formas de sprinkler heads estão disponíveis para cada situação no seu campo, de forma geral, atente para a pressão em que eles estão funcionando – uma variação de pressão pode causar molhamento indevido do gramado.
Figura 4– Relação entre pressão e área de molhamento.
Agronomicamente, o molhamento excessivo que acontece muito frequentemente na maioria dos campos, é prejudicial ao gramado, causando compactação do solo, aumentando a pressão de doenças, dentre outros fatores.
O monitoramento da umidade presente no solo é o melhor meio de saber o quanto irrigar. Esta umidade pode ser monitorada com o uso de:
• Monitoramento do tempo (central meteorológica)
• Padrões de orvalho
• Tensiômetros
• Murchamento das plantas
Voltaremos com mais informações sobre irrigação e drenagem em breve.
Philipe Carvalho Ferreira Aldahir é engenheiro agrônomo formado pela UFLA e especilaista em gramados e campos de golfe.